segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Imperador e a dinastia




Eu vou emprestar um bocado de aspectos e caractéristicas das monarquias Japonesas e Chinesas para reconstruir a organização politica, a função do Imperador/Imperatriz e a hereditariedade de Rokugan. Eu vou tirar toda a questão de genero, não quero isso incomodando o cenário (não nesse momento, tem ocasiões em que é interessante experimentar a segregação no jogo), e vou atribuir regras de sucessão diferentes das oficiais, que permitem mais manobras políticas e influência dos personagens. Em parte isso vai encaixar com a cosmologia que tenho em mente para o cenário.


O imperador (ou Imperatriz) é o monarca e soberano governante do império. Ele(a) é o lider político, religioso e militar. Ele é também o elo mais forte entre o mundo mortal e o Paraiso Celestial, em parte o Imperador é responsável por manter a conecção entre o Ningen-do e o Tengokku, sendo ele mesmo um canal, um elo entre os mundos. O imperador é abençoado com um talento natural para ouvir os kamis e sentir as Fortunas. Imperadores especialmente devotados são os únicos (únicos!) mortais capazes de conciliar habilidades de bushi e shugenja, ainda assim pouquissimos são tão disciplinados.
Não ha qualquer predileção por um Imperador do sexo masculino, Imperatrizes (regentes) são igualmente aceitas e comuns. A regra de sucessão é que importa, não o genero da criança herdeira.
O imperador tem algumas atribuições anuais, celebrações que mantem a harmonia entre o Ningen-do e os outros reinos, assim como todas as questões politicas e militares que envolvam o Império. De acordo com a burocracia muito pouco pode ser feito sem autorização do Imperador ou das familias Imperiais, logo, o imperador é de fato ocupado e não apenas uma figura ilustrativa.
O imperador não recebe visões ou missões como os Oraculos mas entre as capacidades que vem com a regencia esta a de falar com os Dragões, atraves do favor dos dragões o Imperador tem controle sobre o clima de Rokugan, os clãs que o ofendem frequentemente enfrentam periodos de colheitas ruins ou catastrofes meteorologicas.
Enventualmente um Imperador ofende um dragão e problemas como a grande fome decorrem. Da mesma forma, destronar um regente que tenha a simpatia dos Céus pode ser igualmente perigoso.
“In ancient and imperial China, controlling China’s rivers and feeding the country’s large population were key ways for a ruler to demonstrate his moral legitimacy and win the people’s hearts. The Great Yu, for instance, the legendary sage emperor said to be the founder of the Xia Dynasty (roughly 2070 – 1600 BCE), demonstrated his fitness to rule by taming China’s rivers when others had failed” ( Edgerton-Tarpley, apud Dodgen, 2012)

Em fim, nessa Rokugan, o Imperador tem responsabilidades e atribuições, não é só um cara sentado em uma cadeira bonita.


A hereditariedade: Os poderes e responsabilidades do Imperador são sempre carregados para a próxima geração. A dinastina não anda para os lados (até para evitar fraticídios desenfreados, os infanticídios já bastam), nesse caso, um Imperador sem filhos pode, em uma hipotese remota, ser sucedido por um sobrinho, mas nunca por um irmão. Em geral o herdeiro é apontado pelo Imperador ainda em vida, supostamente com indicação Celestial. O Imperador é responsável por escolher entre os seus filhos aquele que lhe parecesse mais apto ao trono. O escolhido torna-se o principe (ou princesa) herdeiro. Quando um Imperador morre sem ter anunciado uma escolha a tradição sugere o filho/filha mais velho da(o) consorte Imperial. Se o consorte imperial não tiver filhos, então busca-se o filho/filha mais velho no harem.

O consorte Imperial: Quando o Imperador se casa a esposa se torna a Imperatriz consorte, ela, tendo vindo de outra família, não tem a benção celestial e não torna-se governante com a morte do Imperador. Na verdade, se o filho dela não se tornar Imperador é bem possível que ela simplesmente perca o titulo de Imperatriz.
No caso da filha de um regente herdar o trono, como Imperatriz regente, acontece exatamente o mesmo, seu esposo pode ser tratado como Imperador consorte. Novamente, as regras são as mesmas, não importa o genero.
Para a mãe do regente existe um posto especial (Empress dowager), e ela é sempre tratada com reverência e como alguem que pode dar conselhos. Tanto a Imperatriz dowager quando o consorte imperial tem responsabilidade na manutenção e seleção do harem.

O harem: Considerando a importância da próxima geração os Imperadores/Imperatrizes podem manter relações de concubinato. Sim, ambos os generos, nessa Rokugan podem existir ‘concubinos’, da mesma forma que existem casas de taikomochi praticamente na mesma proporção em que existem casas de geishas.
Embora nem todos os regentes de Rokugan optem por ter vários concubinatos, isso é possível e aceitavel. Em geral essa opção tende a não agradar o consorte Imperial.
Embora seja muito menos comum samurais que tem condições, e autorização dos respectivos clãs, também podem manter concubinatos, novamente, garantir as próximas gerações é não só essencial como uma obrigação para com a familia.

Nesse momento você pode estar se perguntando “Como isso permite mais influencia dos personagens?”. Bem, de cara Empress Dowager é um titulo ao qual qualquer concubina, de qualquer clã, pode chegar, é uma posição de prestigio e embora não tenha um poder formal tem o respeito do regente. Todas as concubinas tem algum nível de influência e obviamente os clãs tem interesse em ter um descendente do “seu clã” como herdeiro, mesmo que ele não carregue o nome. Embora o consorte imperial ainda seja tradicionalmente (e quase que obrigatóriamente) um Doji o concubinato da espaço de atuação para os demais clãs.
Claro que no caso de uma Imperatriz regente se aposentar e seu filho ou filha herdar o trono, ela mesma se torna Imperatriz dowager, no caso de uma Imperatriz regente falecer tem-se um período sem Imperatriz dowager (embora a falecida receba o titulo, mesmo pos-morte, com a coroação de seu sucessor direto).

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Refêrencias:
Edgerton-Tarpley, K. FROM “NOURISH THE PEOPLE” TO “SACRIFICE FOR THE NATION”: CHANGING RESPONSES TO DISASTER IN LATE IMPERIAL AND MODERN CHINA (2012).
http://en.wikipedia.org/wiki/Emperor
http://l5r.wikia.com/wiki/Emperor_of_Rokugan
Empresses in the Palace(The Legend of Zhen Huan). Série de TV: 2011-2012
The Empress of China - Série de TV: 2014

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Mapa de Rokugan

Como muitos sabem a geografia Rokugani ao longo das ediçoes (e as vezes até dentro de uma mesma edição se você levar em conta os textos) é totalmente mutável.
Até o momento esse foi o melhor mapa geográfico que eu já encontrei:

Eu gosto desse mapa por que ele é claro e objetivo, marca lugares e estradas importantes e deixa espaço para o grupo/mestre colocar suas prórpias vilas e trilhas. Ele também é bem facil de editar se você quiser fazer algo mais bonito em vez de rabiscar com lápis.
E para sua alegria ele pode ser colorido politicamente da forma que lhe parecer adequada. A versão a seguir é de um grupo francês, responsável por adaptar e colorir um original da segunda edição (para não dizer que a segunda edição não fez nada de bom, somem esse mapa a lista ^_- ):

Essa não é a versão que eu uso no meu jogo, se os grandes clãs vivem brigando por território não faz sentido ter tanto espaço largado, sem estar sob a proteção de um clã maior. Isso seria um convite a problemas. Eu prefiro um mapa totalmente ocupado por clãs, onde a disputa de fronteira realmente faz sentido e os ronins não tem para "onde fugir".

Por falar nisso, a AEG esta trabalhando em novos mapas para Otosan Uchi, Toshi Ranbo e Ryoko Owari, bem como em novos mapas do mundo. Logo logo veremos o Atlas de Rokugan, só espero que ele não desaponte, como desapontou o Mechant's Guide to Rokugan (eu esperava mapas e economia e recebi kolat, foi frustrante).

domingo, 12 de abril de 2015

Usando duas armas

“Many players are interested in having their characters use two weapons simultaneously” (p.141), e o livro não poderia estar mais certo mas, gostem ou não, o kenjutsu é uma arte que usualmente requer as duas mãos na katana. 
Eu entendo que existe um grande interesse dos jogadores em ter duas armas, isso faz o personagem parecer muito estilo e todo competente, embora nós saibamos que no mundo real se concentrar em uma só arma costuma dar mais certo.

O que acontece é que queremos (ao menos eu quero) que os personagens sejam interessantes, que eles atendam aos interesses dos respectivos jogadores e tenham o estilo que quiserem mas, se todo mundo sair usando o daisho inteiro o tempo todo o Dragão, que deveria ser reconhecido por isso, sai perdendo em identidade. O que eu pretendo com os parágrafos seguintes é esclarecer o combate com duas armas, vocês vão notar que muito pouco foi modificado das regras oficiais do 4a ed, mas um tanto foi acrescido, para viabilizar PCs que querem usar duas armas e para balancear aqueles que usam a katana com as duas mãos. Afinal, se o uso mais comum é uma arma nas duas mãos deve haver um bom motivo (ou uma boa vantagem) para isso ser assim. Como diz o livro; usar duas armas “não é particularmente comum em Rokugan” (p.141).
“A lateralidade (canhoto ou destro) do personagem é determinada pelo jogador. Um personagem tentando realizar um ataque com uma arma na mão não preferencial (canhota) sofre uma penalidade de -5 nas rolagens (ambas) se a arma secundária for pequena, -10 de for media e - 15 se for grande.” (p.141)
Embora a minha vontade seja NUNCA permitir que armas grandes sejam usadas em uma única mão eu vou deixar essa passar. Continuando: “Adicionalmente, todos os ataques feitos com a mão primária sofrem uma penalidade de -5 enquanto o personagem estiver segurando uma arma na outra mão. Entretanto, um personagem empunhando duas armas é mais difícil de ser acertado devido a sua capacidade de cobrir uma área maior. Como resultado um personagem segurando duas armas soma o seu Insight Rank na sua ATN” (p.141)


Muito bem, novidades e clarificações:


Atacar com a arma secundária: Fazer um ataque adicional quando você estiver segurando duas armas é complicado e perigoso. Isso requer seis raises (sim, é mais difícil do que atacar duas vezes com a mesma arma, que requer cinco raises, afinal você quer dar um ataque extra E usar a mão canhota).


Atacando com armas simétricas ao mesmo tempo: Então, por algum motivo desonrado você usa duas adagas, duas kamas, dois sais, duas agulhas de trico ou quais quer duas armas simétricas; Atacar com as duas armas ao mesmo tempo em um golpe único pode ser realizado com um ataque só e requer três raises, mantem-se a penalidade de -5 nesse ataque para armas pequenas, - 10 para médias e -15 para grandes. Sendo bem sucedido você dá o dano normal de uma das armas, uma rolagem, multiplicado por dois. Esse tipo de ataque é sempre uma ação complexa, mesmo que uma técnica lhe permita atacar como ação simples.


Segurando com as duas mãos: Segurar uma katana, ou outra arma média, com as duas mãos permite ao personagem adicionar sua força na rolagem de dano.

Por exemplo, ronin-san não tem técnicas, tem força 3 e uma katana padrão de DR 3k2, segurando a arma com as duas mãos a rolagem de dano seria (3k2)+3.

Nova (velha) Vantagem:
Ambidestria (5 pontos): Esse personagem tem igual habilidade com ambas as mãos (destra e canhota) e não sofre penalidades com qualquer uma delas quando estiver usando apenas uma arma, não importa qual mão esteja usando. Todas as penalidades envolvidas no uso de duas armas são reduzidas em 5 (minimo 0).
Personagens sem essa vantagem que por ventura tentem lutar usando a mão secundaria (em geral acontece depois da primaria ser amputada) sofrem as penalidades (-5, -10 ou -15) nas rolagens de ataque de acordo com o tamanho da arma.

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Referências:
Wick, J. Legend of the Five Rings: Role Playing in the Emerald Empire. AEG, 1997 1st ed.
Carman, S. Legend of the Five Rings RPG. AEG, 2013 4th ed.